Presidente Lula pediu aos ministros para trabalharem a fim de reduzir a conta do supermercado dos brasileiros. No entanto, tarefa não é tão simples, segundo especialistas. Itens tiveram alta de 7,69% em 12 meses, de acordo com o IPCA
O governo federal busca uma solução rápida para solucionar a alta dos preços dos alimentos nos mercados. Pressionados pela inflação, produtos essenciais na mesa do brasilero, como arroz, feijão, leite e carne, registraram aumentos expressivos nos últimos meses. Na reunião ministerial realizada nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a prioridade é implementar medidas para conter a inflação.
"É inadmissível que o brasileiro esteja sofrendo tanto para colocar comida na mesa. Este governo foi eleito com o compromisso de devolver dignidade ao povo. Baixar o preço dos alimentos será prioridade absoluta", afirmou o presidente Lula.
Segundo dados mais recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os alimentos tiveram uma alta de 7,69% em 12 meses, contribuindo com 1,63 ponto percentual do total da inflação em dezembro de 2024. Na avaliação de especialistas, este número reflete um problema estrutural na economia brasileira, agravado por fatores internos e externos.
Entre os itens que mais contribuíram para o aumento estão o arroz, o feijão, o leite e os cortes de carne bovina, especialmente a picanha — símbolo do discurso de Lula durante a campanha eleitoral, mas que se tornou inacessível para grande parte da população.
Vários fatores
O economista Vinícius do Carmo destaca que a alta nos preços dos alimentos é consequência de uma combinação de fatores. "O primeiro é a questão climática. Em 2024, tivemos efeitos agravados no clima, o que significou seca no Centro-Oeste e Sudeste e excesso de chuvas no Sul, comprometendo, assim, a oferta de alimentos, que pressionou o preço para cima", afirma.
O segundo elemento, de acordo com o especialista, é a política cambial fiscal. "Com o real desvalorizado, exportamos mais alimentos e temos dificuldade de importar insumos. A excessiva exportação de alimentos reduz a oferta interna, e a redução da oferta interna pressiona a inflação", completa.
Segundo o economista, para 2025, a expectativa é que a tendência inflacionária se mantenha. "Alimentos como carne, café, estão batendo recordes de exportação, o que diminui a oferta interna desses alimentos, pressionando os preços, e isso tem um efeito de escala na economia. Então, a subida da carne pressiona outros preços", ressalta Vinicius do Carmo.
O cenário deste ano apresenta desafios. Especialistas estão cautelosamente otimistas quanto à possibilidade de desaceleração da inflação nos alimentos. A expectativa é de que uma safra agrícola mais robusta, esperada para o segundo semestre, alivie os preços de alguns produtos, como arroz, milho e feijão.
Além disso, o governo está em tratativas para reativar políticas públicas como o Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) e fortalecer o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), iniciativas que podem ajudar a regular os preços e ampliar a oferta para o consumidor.
Esforços
A famosa picanha prometida por Lula durante a campanha é, atualmente, um luxo para poucos. O preço médio do corte ultrapassa os R$ 80 por quilo, dependendo da região do país. Em muitos lares brasileiros, a carne vermelha foi substituída por alternativas mais acessíveis, como miúdos e carne suína.
"É importante resgatar o papel do Estado na regulação de preços e no fortalecimento da produção interna. Queremos que o brasileiro volte a comer carne não apenas nos fins de semana, mas sempre que desejar", declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em recente entrevista.
Além das iniciativas para estabilizar os preços, o governo anunciou que pretende ampliar o orçamento do Bolsa Família, com foco em garantir o mínimo alimentar para famílias em situação de vulnerabilidade. "O combate à fome é um dever moral, é uma questão de justiça social", destacou Lula, reafirmando que sua gestão dará prioridade a ações que protejam os mais vulneráveis da inflação dos alimentos.
Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, o Executivo também enfrenta obstáculos em seu plano de recuperação econômica, pois juros mais altos encarecem o crédito e limitam investimentos privados. "Nesse cenário, a condução de uma política fiscal responsável será crucial para equilibrar o controle inflacionário com o estímulo ao crescimento econômico", diz.
Segundo o CEO da Equity Fund Group, João Kepler, a alta ultrapassou a meta e preocupa os economistas. "Esse resultado é um sinal claro de que as pressões inflacionárias persistem e afetam diretamente o consumidor, corroendo o poder de compra e aumentando o custo de vida", aponta.
O CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, destaca o impacto no poder de compra do brasileiro e na economia do país. "Do ponto de vista de política monetária, o resultado praticamente sela a necessidade de uma postura ainda mais contracionista do Copom. A expectativa é de um aumento de 1 ponto percentual na Selic, levando a taxa de juros para 13,25% na próxima reunião de janeiro", ressalta.
Eyng destaca que o cenário atual reforça o dilema enfrentado pela política econômica: conter a inflação no curto prazo sem comprometer o crescimento sustentável. "Embora essa decisão seja necessária para combater a resistência inflacionária, ela também impõe desafios significativos à recuperação econômica. Juros mais altos desestimulam o consumo e investimentos, além de dificultar a execução de políticas públicas focadas na retomada", diz.
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